viernes, 9 de julio de 2010

Roubo consentido ainda é crime.

Era uma cigana e como tal, possuía inúmeros poderes. Certa noite, caminhando triste e solitária por uma estrada, encontrou um garoto com doces olhos oblíquos. Viu nele coisas que nenhuma outra pessoa foi capaz de ver, despertou no rapaz sensações nunca antes sentidas, fez dele um H-O-M-E-M com todas as letras.
Mas, uma vez cigana, sempre cigana. Sua alma itinerante chamou a novamente para a estrada, para o submundo das sarjetas e barracas. Claro que não foi de mãos abanando; abriu o peito do incauto mancebo, retirou-lhe o coração e correu para esconde-lo no meio do bosque. Pobre dele que ficou vazio, procurando por todos os cantos, corpos, cores, pedras e ruas. Independente de quanto buscasse, era simplesmente impossível acha-lo.
Um dia a maldita bruxa, inconstante, foi chamada novamente pela natureza. Correu ao bosque, retirou das raízes de uma grande árvore o coração do menino que havia muito ali ela guardou. Devolveu a ele que com toda bondade que cerca aqueles que amam (ou que são enfeitiçados) recusou. Disse à cigana que o lugar do seu coração era em meio as suas mãos e nada haveria de mudar isso.

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